terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Minha Diva








Bem, eu não sei porque até hoje eu nunca postei nada que falasse sobre minha grande diva: Regina Spektor. Vou tentar contar como foi que começou essa historinha de amor entre nós dois.

Estava eu, com poucos dias após meu aniversário de 12 anos, na casa de uns amigos da minha mãe. Naquela época, eu não sabia muita coisa da vida, muito menos de música. Apreciava, estudava piano, e só. Daí um rapaz que se encontrava naquela casa (acho que o anfitrião) colocou a música "Rejazz", lanlado no mesmo ano, em 2001. É uma música pura, seca, profunda e sem instrumentos. A voz dela me hipnotizou, no mesmo instante. E naquele momento, o mundo não tinha mais importância. Meu amor por Regina Spektor foi à primeira vista.

Consegui uma cópia daquele CD mágico. E a partir dali comecei a ver a evolução dessa incrível artista, como também evoluir o meu conhecimento. Posso dizer que eu sou um amplo conhecedor dessa cantora russa, em todos os sentidos.

Spektor não é mulher de um único estilo, ela consegue misturar coisas variadíssimas no seus álbum, o que faz a sua produção muito rica. As músicas não são apenas rimas prontas e um som agradável, são pura poesia e um contato direto com a alma. Tanto como pessoa, como artista, Regina Spektor é uma prova de doçura e simplicidade, no seu sorriso meigo e suas roupas vintage.

Particularmente, eu divido ela em três etapas. Os seus três primeiros álbum são os mais coplexos e mais experimentais possíveis. Não são cds fáceis de escutar. Logo, não são comerciais. Daí ela pensou: 'por que não tentar ser mais simples?'. Surgiu o álbum pop, o "Begin To Hope", com baladinhas e a famosa música Fidelity, que criou uma legiao de fãs brasileiros e meu ciúme. Em 2009, ela alcança um patamar mais alto, o "Far", no qual ela junta a fase experimental, com a fase pop e cria uma obra-prima, definitivamente.

De longe, Regina Spektor é uma das melhores cantoras da atualidade, e aquela que tocou meu coração desde o primeiro segundo de "Rejazz". Acredito que nunca encontrarei alguém que me faça passar por uma experiência melhor que esta, que continua nos dias atuais. Love you, @respektor *-*

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Aqui dentro

Dentre os bilhões de pessoas que existem no mundo, é muito complicado assumir que, enfim, você encontrou a pessoa certa. Talvez até nunca se encontre, devido as condições de espaço impostas pelo próprio planeta. Mas ninguém nasce com uma folha de papel na qual vem escrito o nome da pessoa e o lugar que devemos ir para encontrá-la.

Podemos fazer bem melhor do que isso. Adaptar uma pessoa que possivelmente não seja, como a nossa melhor. É um processo que pode acontecer mesmo quando você não pretende, de fato. É aquela coisa de olhar uma pessoa, conhecê-la, sentir-se bem com ela. O modo como vamos levando essa vida conjugal transforma tudo no melhor conto de fadas do mundo.

Depois de um tempo junto com a mesma pessoa, você ainda para e nota essa pessoa te encarando apaixonadamente, com aquele rosto bobo, mas ao mesmo tempo feliz. É nessa hora que você tem certeza que está fazendo a coisa certa, que está ali por algum motivo, e dos bons. Você começa também a notar que existem coisas nela que só você é capaz de identificar, e talvez só você saberá. Uma pinta escondida no dedão do pé, na parte de baixo, que ninguém sequer viu, pode se tornar o seu esconderijo do mundo, um lugar tranqüilo que só você pode chegar, com sombra, árvores, paz, abraço e arrepios.

Você também nota que a pessoa se abre para você de uma forma diferente que ela se abre para as outras pessoas, e quando alguém aparece, como se penetrando naquele “mundo” que estava acontecendo, essa pessoa muda completamente, torna-se “mais um”. É bem nessa hora que você tem certeza que vale a pena dizer que ama e que é amado.

Quando você adoece, e vê que a pessoa foi te ver, nem que seja por um curto espaço de tempo. Você sente que ela se preocupa com você, quer estar com você a qualquer custo. É, isso pode acontecer.

E dentro de todas estas circunstâncias, nos tornamos felizes com esse limite e esquecemos pra sempre que não precisamos conhecer o mundo inteiro, a fim de ter certeza que escolheu a pessoa certa.

Felicidade é uma palavra de longo tempo, melhor acreditar que ela não existe. Deixe tudo acontecer com a alegria do momento, no espaço de um beijo, no calor do sexo, nas cores do peito em que você deita quando nada mais precisa existir...no castelo.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

22

Sou um humano com mais sentimentos. Eu necessito de mais atenção do que o normal. Tenho ansiedade pelo amanhã, pelo florescer, pela luz, pela noite, pela vida. Tenho vontade de coisas estranhas, ou talvez normais demais, dependendo do ponto de vista.

Palavras doces me derretem, mas eu não expresso isso facilmente. Deixo nas entrelinhas, já que meu coração é como um oceano escuro e seu fundo não é tão fácil assim de se enxergar. Muitas vezes eu penso sozinho e faço as coisas por minha vontade. Outras, eu me torno altruísta a ponto de esquecer dos meus próprios problemas. Eu não sou uma pessoa forte, tampouco corajosa. Tenho mania de adiar o problema no máximo possível. Tenho medo de morrer sozinho, tenho medo de dormir e não mais acordar.

Geralmente sou muito indeciso, e todas as decisões da minha vida foram complicadas de tomar. Sou bastante musical e costumo colocar um som de fundo em tudo que vai acontecendo no dia-a-dia... Sim, eu não existiria plenamente sem a música, pois elas são como melhores amigos que me entendem e sabem o que me dizer na hora que eu mais preciso.

Tenho vontade de sumir, tipo, sempre. Se eu pudesse, sairia por aí e não deixaria vestígios. Se eu sou uma pessoa sozinha? Não. Mas talvez, em um determinado modo de olhar a situação, sim. Sou carente de afeto e gosto bastante de me sentir protegido. E nem sempre eu preciso de um castelo para me proteger, apenas um casebre em palhas pode me fazer um bem inexplicável. As pessoas que mais sabem dar carinho são as que mais chamam minha atenção.

Não escuto os conselhos de minha mãe. Maior parte das vezes, os meus gatos costumam me dar conselhos mais audíveis. Gosto de viver, viver intensamente, correndo os maiores risco, por mais que eu me arrependa no dia seguinte, mas arrependido daquilo que eu tentei, não do que eu não fiz.

Tenho um prazer imenso por receber cartas e presentes. Porque são uma forma física de afeto demonstrado por um alguém afim...
Talvez ano que vem eu pense diferente.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Tesouro

E dentre muitos, ela se sentia só. Mas não se tratava de uma solidão que poderia ser aveludada com uma musica mais profunda ou com um vinho mais amargo. Na verdade, ela nunca tinha encontrado ninguém. O mundo, essa idéia plural da existência de seres vivos não cabia em sua mente, era apenas um sonho que nunca povoara seus sonhos à noite.

Essa garota morava há muito tempo em uma sala escura. Por volta de 19 anos. Tudo que existia era ela, uma lâmpada e um dicionário velho, corroído pelos bichos que ali existiam... Toda noite ela tinha uma felicidade rápida, pois no canto esquerdo do seu quarto havia um buraco de tamanho médio, por onde passavam coisas que ela adorava colocar na boca. Tinham vários formatos, cores, sabores e aquilo era o ‘mundo’ dessa jovem. Como nunca tinha encontrado semelhante, não sabia pronunciar uma palavra sequer, de nenhuma língua. E devido a isso, todos os seus pensamentos eram arcaicos e animalescos. Não tinha idéias organizadas ou vontades que fossem além de uma mosca ou de uma barata. Sabia que seu corpo necessitava jorrar um líquido amarelo, que seus olhos coçavam e que sua barriga doía uma ou duas vezes por dia... E com o tempo ela foi percebendo o cheiro desagradável que algumas dessas necessidades causavam, e, mesmo precisando saná-las, não deveriam continuar ali depois de feitas. Daí ela criou um buraco onde sempre que necessitava, o procurava.

Já que ela não tinha sentimentos mais complexos, para ela aquilo era o mundo e tudo aquilo eram motivos para que ela quisesse continuar viva... Certa vez, ela tropeçou pelas próprias pernas e caiu. A dor foi de tanto tamanho que nunca mais a garota desejou fazer o mesmo. Inconscientemente, ela estava prezando pela própria vida.

Mas, depois de tantos anos, aquela criatura muda, sem nenhuma capacidade meramente humana deu um grito. O barulho estrondou quarteirões, em plena madrugada. Mas seu som rouco não era de muito abalo, seria talvez se sua alimentação e exercícios diários fossem de fato regulares. Mas aquele grito incomodaria qualquer um. Especialmente um que acompanhasse o crescimento dessa criatura bizarra, desde o princípio.

Ela é minha filha, não deveria deixá-la lá por tantos anos. Talvez eu não queria que ela se tornasse o mesmo que seu pai. Uma assassina. Não queria que ela presenciasse o meu desejo mortal de rasgar peles humanas e coletar todas as entranhas, o que me causava uma espécie de orgasmo. Ela merecia mais que isso. E não ser humana era o melhor que eu poderia fazer no momento. Mas ela gritou e esse gritou me afetou profundamente. Um momento.

Pronto, já abri a porta do porão onde ela se encontra, basta ela empurrar e estará livre para conhecer o mundo, como um ser selvagem que se perde da selva. Vou sentar e aguardar, o veneno fará efeito em mim, é apenas questão de segundos.

Crer

Toda crença é válida. Todo conhecimento é estimado. Mas a relação entre cada opinião traz a beleza.

No decorrer da vida, o homem vai procurando uma estrada a seguir, uma crença, ou uma ideologia em geral. Mas, como em qualquer sociedade, existe sempre uma idéia dominante. Um grupo massivo de pessoas que tem algo em comum, uma estrada igual que todos desse grupo costumam seguir. Por osmose, é comum nós começarmos nossas vidas seguindo essa mesma estrada, caso nossos pais ou nossos superiores estejam nela, já que o papel inicial de um tutor é fazer sua cria em total semelhança.

Com o tempo, vamos crescendo e adquirindo nossa própria capacidade de pensar e decidir se queremos seguir nessa mesma estrada ou dar um novo rumo as nossas vidas. Partindo do pressuposto de que quando o homem resolve ir por outro lado, ele está “um passo a frente”, o natural seria abominar e criticar todos aqueles que não foram capazes de fazer o mesmo. Costuma-se notar isso quando se tratam de pessoas que não aceitam mais o Cristianismo e passam a acreditar em coisas afins. Maior parte destes criticam absurdamente aqueles que permanecem cristãos, afirmando que não possuíram a capacidade de ter um pensamento próprio.

Dentre estes mesmos, existe uma parcela menor que adquire um certo grau de evolução suprema, o grau de tolerância. Uma pessoa que se considera entendida, passa a tolerar mais a opinião do próximo. Então, ao invés de criticar e tentar mudar a mente de uma pessoa, por que não acreditar que a pessoa adquiriu seu pensamento próprio e quis continuar nessa mesma estrada? O homem é um ser complexo e todos os caminhos existentes no mundo são sempre muito adequados, só que cada um tem o seu determinado caminho.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Quase ela

E, perante todas as criaturas que a natureza um dia se esforçou em criar, aquela era dona de todo meu apreço... Talvez pela relação próxima que o destino proporcionou para nós, talvez não. Na verdade, trata-se de um sentimento que eu nunca conseguirei explicar por completo.
Minha vida sempre foi continuamente a mesma. O mesmo chão, as mesmas cadeiras, a mesma cama. No teto, eu sempre encontrava um telhado ou outro que chamava a minha atenção, enquanto eu estava em devaneios. Mas não era algo que tomava minha atenção por muito tempo. Até o copo de água conseguia me paralisar, mas não demorava tanto. E aquilo me fazia entender que eu precisava de mais. Era como um buraco aberto em minha mente, e a escuridão era impossível de ser penetrada. E eu nunca fui uma pessoa capaz... Evitei sempre os grandes desafios, porque de certa forma eu não fui bom em entender sozinho o mundo.
Mas eu me acostumei a morar nessa casa, sem ninguém ao meu lado. Mesmo sabendo que minha capacidade de continuar era mínima, contentava-me a idéia de estar ali, por mais que vegetando. Só que por mais que eu evitasse, eu passaria por mudanças.
Foi quando eu conheci a Nina. Ela estava solitária – não tanto quanto eu, já que ela tinha quem cuidasse dela, mesmo que indiretamente – e eu estava a passear pelo mercado, ao fim da tarde... mas quando eu notei aqueles olhos tristes por entre as grades, foi como se algo dentro de mim começasse a fazer sentido. E eu não sei explicar, nunca saberei.
Trouxe-a para minha casa por 100 contos de réis, já que era a unidade monetária machadiana, e isso causaria certo requinte na história que eu estava prestes a vivenciar. E, durante alguns momentos eu me pegava acariciando aqueles pelos macios de uma beleza canina jamais vista antes pelos olhos meus.
E foi assim que eu percebi o quão nocivo eu era para as regras previamente definidas pela sociedade humana que eu não fazia questão de participar. O homem foi feito para a mulher e vice-versa. Mas eu não sou e nunca fui um homem. Eu sou um macho, Nina é uma fêmea. E nunca ninguém terá o direito de intervir no meu amor por este ser divino.
Mas ela não me quer, na verdade ela sempre me olha e me dá carinho, mas eu sei que ela só vê a mim como um mísero amigo. Visão esta que não me satisfaz. Mas eu anistiar-te-ei, já que de mim não aprendeste a gostar.
E por mais efêmero que isso possa ser, esse amor não correspondido foi o que fez meu sangue finalmente correr e os meus telhados nunca mais serão o mesmo, pois sob eles estarão a prova de tudo que eu digo, o cadáver de um amor.

domingo, 27 de junho de 2010

Matias. [parte 2]

Ela nunca existiu. Ela nunca sequer tocou a sua pele áspera, vítima de um inverno rigoroso sobre a neve russa. As cores daquele inverno eram simples, porém intensa.
Catherine era a cor do preto-e-branco. A sua delicadeza e simplicidade eram os traços comuns, perdidos no labirinto do tempo, o lugar onde ninguém conseguia mais pisar. Ela povoa a civilização que não existe, e está aprisionada na cela mais imunda da alma, e de lá ela não poderá mais sair.
Mas tocá-la não era impossível. Essa anulação ainda se tratava de algo pertinente na vida de Matias. O encontro tão esperado pelos espectadores inexistentes da novela sórdida de um amor perdido poderia enfim acontecer; o marco zero.
O prazer que a carne oferece a si é inegável, mas ao mesmo tempo vazio. Quão narcísico isso vem a ser? O gosto da própria pele, em duas faces completamentes diferentes. De um lado, o eu frio e impotente. Do outro lado, a sensibilidade da órquidea negra, que necessita daquilo, mais que ninguém.
A morte pode separar mundos com uma ponte que não é possível atravessar. Principalmente a morte de entes queridos, entes responsáveis pela criação de uma nova vida, um novo início.
As cores perdidas dessa obra de arte eram Catherime. O quadro agora borrado era Matias. E como qualquer quadro em uma obra afim, a pintura borrada não pode ser remediada. Mas uma cortina cai sempre bem.